Instituições médicas alertam a população contra médicos “não-especializados”.

A informação é a maior aliada para evitar ser vítima de médicos não-especializados. Saiba o que diz a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

No último domingo, 15/07, uma bancária mato-grossense de 46 anos faleceu em decorrência de complicações após um procedimento estético realizado por um médico conhecido nas redes sociais, cujo perfil no Instagram era acompanhado por 600 mil seguidores. O procedimento, uma bioplastia nos glúteos, foi realizado na residência do médico, no Rio de Janeiro, onde ele não possui registro ativo no Conselho Regional de Medicina. A bancária viajou de Cuiabá para a capital fluminense para realizar a intervenção.

Dois dias depois, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) divulgou uma nota de repúdio e reprovação à prática do médico e lamentou o falecimento. A entidade alertou a população geral para a necessidade de especialização para realização de procedimentos estéticos cirúrgicos. Um cirurgião plástico precisa de, no mínimo, 11 anos de estudos para se tornar especialista: são seis de graduação em Medicina, dois de residência em Cirurgia Geral e mais três de especialização em Cirurgia Plástica.

A suspeita é de que a aplicação da substância PMMA (polimetilmetacrilato) nos glúteos da paciente tenha resultado em uma embolia pulmonar (Infarto pulmonar, onde os vasos do pulmão são bloqueados). A hipótese é sustentada pelo fato da região da aplicação ser altamente vascularizada, aumentando o risco de atingir um vaso sanguíneo durante a aplicação, o que causaria embolia. A SBCP alerta que, assim como a Sociedade Brasileira de Dermatologia, não recomenda o uso da substância em procedimentos estéticos, seja em pequena ou grande quantidade. Apesar disso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permite o uso de PMMA em procedimentos estéticos que visem restaurar pequenos volumes perdidos, como no caso de rugas.

Em 2006, O Conselho Federal de Medicina (CFM), bem como a SBCP, se manifestaram sobre o uso desenfreado da substância. Isso se deve ao fato de não haver na literatura médica, estudos sobre os efeitos do uso de grandes quantidades de PMMA a longo prazo. O Polimetilmetacrilato é composto por microesferas de acrílico e quando usado na bioplastia, pode ser aplicado por meio de microcânulas apenas com o uso de anestesia local, além de ser um material mais barato do que outros biocompatíveis. As entidades competentes apontam essas facilidades como fatores que aumentam a busca por esse tipo de procedimento. Porém, a aplicação de PMMA pode causar o aparecimento de calcificações e granulações. Complicações decorrentes de aplicações desse tipo dificilmente são revertidas ou controladas pois a sua remoção é praticamente impossível.

A filiação à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não é obrigatória, mas recomendada pela instituição, que oferece consulta a lista de cirurgiões associados através de seu site, e-mail, telefone e Facebook. O registro ativo no Conselho Regional de Medicina correspondente ao local onde o procedimento será realizado, entretanto, é imprescindível. Bem como a realização de procedimentos apenas em locais apropriados para isso. Ao decidir realizar um procedimento estético cirúrgico, atente-se a todos esses detalhes e procure depoimentos de outros pacientes do especialista escolhido. Sua saúde não pode ser posta em jogo.